quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Sussurro

Calma.
Cada noite em silêncio é o teste do que seria e talvez seja. Ou não seja. É só um teste.
Não te esqueças que a memória sempre é viva. A emoção é chama, o que sai do peito é sonho, semi-realidade.
Agora, ontem, anteontem, mês passado, amanhã, fim do mês, o futuro, todos os tempos se entrelaçam na esperança que espera à porta da casa um dia laranja.
O peito reluta entre vestir ternura ou dançar o tango da mágoa. Garanto o movimentar descompassado, ausente o talento. Ainda tenho tempo, vivo tecendo frases-pensamentos do que não é.
Retiro-me agora. Deixo que as cócegas da chuva nas telhas me embalem outro sonho, e outro sono, e outro, sono, sonho.
Se for dia, os olhos se abrirão ao iluminar da fronte. Se noite, o Senhor do Tempo deixará a chuva pingar sem fim nas telhas.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Des-a-fio

Eis um passo, do que agora pode ferir, amanhã há de salvar.
Que sentido? Aquele que se sente fundo, fere, ferido.
No peito , luta, tal qual ave que busca o outro lado da gaiola de silêncio, num voar frenético, tenso, limpo.

O céu, de cortina fechada, trama o mais belo nascente, amanhã, depois, depois, outrora.
É certo, que o Inventor já indicou a companhia do acontecimento.
O passaporte? Segure a mão, transporemos o tempo (da mágoa) para construir uma fortaleza.

sábado, 12 de janeiro de 2013

(:


Tempo(ral)

Tempo, tempo, tempo, tempo...
Talvez seja a hora de internar-se em pensamentos, medicar-se com o correr aos ponteiros e deitar no leito dos sonhos em tempo, enquanto se espera (o tempo).
Há tempos que os tempos andam avessados, ao mesmo tempo que o sentido também põe - e tira - as caras, as cartas da manga. O sabes? Nem.
O Senhor do Tempo, a cada tempo, responde os sins e nãos às preces do fim de noite.
"-Espera. Quase, menina!", e os dedos ainda teimam em desejar o fim de cada minuto.
De outros tempos, só as marcas. E estas asseguram que é outra era, outro ar, outra mente, mesmos atores, assim e (para) sempre.
Que venha, que deixe, que fale, que sinta, que pense, que diga... o tempo.

"Nunca é tarde pra dormir em paz".

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Entrelinha



Por mais repetidamente verdadeiras que sejam as palavras, este tecido contrátil, incansável, teima em traduzir em vocábulos este cotidiano só.
A tendência das palavras é mais forte que o desfile do sono nas plataformas das pálpebras em noite qualquer. Este tema queima os dedos inquietos e catalisa os pensamentos (já hiper) ativos ao frenético movimento des-ordenado. Por fim, saem desastrosos morfemas, capazes de limitar a voz, que me fazem desejar ardentemente o teletransporte. É que esse coração meio sem jeito, não tem modos.
As mãos se desejam, os braços almejam o entrelaço, enfim os pés não conhecem mais a rota para o chão.
No cotidiano só, só resta o desejar do inverso do longe. E essa mal-dita guerra de palavra. Repetidamente...


Nunca disse tanto em quase nada, ou quase nada em tanta palavra... Vai entender.
Voltei, pra colocar a casa em ordem, tudo.