sábado, 7 de fevereiro de 2015

Despert(o)a(m)dor


O cintilar da íris não nega: de saudade o peito, frágil, sapateia rumores de dores, flores, 'fores' e 'voltares'.
Das partidas, o discurso partido em dois lembra do tempo de riso, das tardes castanhas em olhos de céu azul, dos mares de olhos que brotaram após repetido adeus.
Partiu, partido.
O tempo incauto encarregou-se de vestir outra perspectiva. Pobre coração! Sofreu o amargo de versos sentidos, o fel do caminhar solitário em par.
Agora, re-partido, ímpar.
Do que digo, nem sei mais. Perco-me na temporalidade que persegue, que envolve o tempo e pausa em mistura homogênea. Ato e remendos nesse caminhar disperso, agora deserto, por certo.
Perco-me nas palavras, contudo, a certeza do que almejo é mais que coerente, viva. É cor, é gosto, é doce dos lábios, o laço e entrelaço. É tempo, invento, maravilha, esperança na capa de silêncio.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Desejo diurno



No correr de 4 tempos, tanta história, tanto silêncio.
Esperança me resta de que botões brancos - vívidos, murchos e os que inda esboçam corpo de semente - perdoem a franca pausa na partitura de nossa cantiga (de eternidade).
Hoje quis que os céus tocassem a valsa favorita para que em teus braços, um porto, meu corpo dançasse junto ao seu, ao som dos palpites do coração.
Outra hora quis que os ventos trouxessem teu cheiro. Sim... Cada suspirar teria tua graça, en-canto, seu riso.
Ah, o riso... A cantiga silenciada que reverbera aos meus ouvidos, de memória, das contáveis tardes de doce ócio, onde o castanhar dos olhos teus se misturavam ao azul do céu em verão.
Que desejar ao teu coração (,) amado (,) amante?
Desejei toque, valsa, tom, gosto, dengo... Dos maiores sentimentos, resta-me o sentir calejado do entrelaçar dos dedos em compromisso, em proteção, em determinado (,) indeterminado na direção de outros desejos sobrepostos, intercalados, soberano's' - ao nosso. Assim.
[Nos leves sentidos, golpeou-me o tempo ao recordar duas despedidas.]
O coração, pedaços em cicatriznão desistiu do som daquela velha atual cantiga.





P.S.: Cada episódio se torna mais difícil de (d)escrever...

quarta-feira, 5 de março de 2014

Filosofias de chuva

Respingos na face multicor da flor distante,
Um afago nos cabelos infantes,
Cócegas na barba de um transeunte qualquer,
A confusão na superfície vítrea das lentes.

Dois segundos e o murmúrio do telhado compõe a sinfonia que embala os sonhos.
Os planos se molham e se desfazem na linha do tempo - ê, chuva.
(Des)monta,
(Des)mente,
(Des)faz.

Céu e terra a unir-se pelo sabor molhado das gotas frias,
As lágrimas das nuvens embebedam o chão quente, sedento, marcado.
A precipitação entalha o relevo (particular, do peito), do chão
Na arte da profund-idade.

Quem é o verão sem o inesperado e torrencial?

Se respingas, dia a dia, marcam-me as gotas, protelando o futuro da próxima esquina.
Se afastas as nuvens, sou pó, só.
Se choves, por inteiro, serei eterno multicor.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Acorde



Acorde, amor, que a vida é pouca e o tempo, curto, igual a saia de moça faceira.
Acorde (,) que dança e brinca, produto das cordas que vibram em tempo, tom, dom, o som que inunda o peito, que d(e)sperta memória em tons das mil cores de apaixonado.
Ah, memória que guarda, relembra o enlace, o laço, abraço, atraso dos dias que o calendário fez questão de marcar – como “ferro quente em carne fria” – para o eterno correr dos ponteiros da vida. Acorde-a, que a distância é oportuna, motivo para um convite ao baile, à dança, trança, valsa à noite inteira de (em) pensamento.
Acorde a cor do vento que soprou e hoje só recorde a sensação que ficou, delineando a pele no arrepio, do fim do fio ao findo pé (agora nas nuvens, e além das nuvens, flutuando).

Acorde, acorde, que o sono é ilusão.  Não há mais (des)culpa em sonhar acordado.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

De tempos, o tempo

Depois de anoiteceres e alvoreceres, os dedos se alvoroçam, dançando no silêncio uma canção de palavras torneadas, quietas, marcantes, marcadas, e-ma-ra-nha-das.
Dos mil dias que se passaram do sumiço - eis que digo, meu caro - mais que mil e uma noites foram as pálpebras, em claro, no rendar (a render) mil ideias.

E o andar calejado trouxe, de muitas surpresas, a melhor: os olhos, dantes marejados, sorriem em par (ímpar) à resposta de um pulsar externo-interno-eterno.
O que estava antes escasso em versos, em inverso, é caudaloso verborragiar.


P.S.: Que saudade desse eu cantinho. À quem ainda tinha esperança do retorno, sou grata pela paciência. Voltei, com mais palavras do que nunca.






quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Sussurro

Calma.
Cada noite em silêncio é o teste do que seria e talvez seja. Ou não seja. É só um teste.
Não te esqueças que a memória sempre é viva. A emoção é chama, o que sai do peito é sonho, semi-realidade.
Agora, ontem, anteontem, mês passado, amanhã, fim do mês, o futuro, todos os tempos se entrelaçam na esperança que espera à porta da casa um dia laranja.
O peito reluta entre vestir ternura ou dançar o tango da mágoa. Garanto o movimentar descompassado, ausente o talento. Ainda tenho tempo, vivo tecendo frases-pensamentos do que não é.
Retiro-me agora. Deixo que as cócegas da chuva nas telhas me embalem outro sonho, e outro sono, e outro, sono, sonho.
Se for dia, os olhos se abrirão ao iluminar da fronte. Se noite, o Senhor do Tempo deixará a chuva pingar sem fim nas telhas.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Des-a-fio

Eis um passo, do que agora pode ferir, amanhã há de salvar.
Que sentido? Aquele que se sente fundo, fere, ferido.
No peito , luta, tal qual ave que busca o outro lado da gaiola de silêncio, num voar frenético, tenso, limpo.

O céu, de cortina fechada, trama o mais belo nascente, amanhã, depois, depois, outrora.
É certo, que o Inventor já indicou a companhia do acontecimento.
O passaporte? Segure a mão, transporemos o tempo (da mágoa) para construir uma fortaleza.