quinta-feira, 29 de março de 2012

Dois janeiros



Dois janeiros de mãos dadas sob sóis de inverno
E os corações exalam perfume sonhado de flores brancas.
Co(a)nta-se o tempo, vento, luas para avistar a boa terra, ilha de segredo – em pessoa.
Atravessa-se o mar de saudade sem naufragar os olhos brilhantes,
O corpo amante carrega mochilas de (em) expectativa
E parte em viagem ruma ao tempo de segundo eternizado em piscar de olhos de memória.
A cada batimento, troca gasosa, (sem) cem sentidos se misturam
Tecendo ‘esperas’ tão acostumadas que, a cada vez, tiram novas cartas da manga.
No encontro de semblantes, palavra vira peso de porta.
O que importa é o desdito; o essencial é contado no silêncio do abraço e na aventura de companhia.
E pingam nuvens, escorre o tempo, mecha atrás da orelha e já mil leptópteras voam loucamente no estômago à espera de que os dias à frente sejam guinchados por trem bala, após até breve com gosto de fique mais.
Cresce o passo e o baú de dias mais profundo fica.
O mistério é esse: de mais poeiras de memórias velhas, imensurável prazer em carregá-las por janeiros a perder de vista.