quinta-feira, 14 de abril de 2011

Carta à Saudade


Bom tempo, Dona Saudade, de cabelos brancos, de fisionomia já desgastada, um tanto descrita por outros poetas - ou tentativas de poeta, que nem eu -, rosto velho, conhecido; com alma, jovem, de vigor invejável, prende-se em meus olhos, que a reconhecem em todas as imagens.
Tens dó por mim? De um ré brotas e espalhas por todo canto em mi(m). E em cada canto, um tanto de lágrimas desafinadas de um tempo que não é mais e, se outro vier, nova será a trama - de retalhos (de lembranças).
Pessoa de pura arte! Arremessar na janela do pensamento um tijolo de memória quebra a vidraça e os olhos já não podem mais deter o produto das sinapses. Tenha modos, menina!
Sinceramente.
Na tentativa de listar teus defeitos, me parecem tão doces tuas peripécias na bagunça de um coração e mente costurados num só, que uma brisa de silêncio invade meu ser. A gélida sensação me faz traduzir-te em todas as letras, sorrisos, abraços, sentidos possíveis.
Concluo que és parte do meu existir. Se quisesse arrancar-te de mim, levarias também toda a minha lembrança e o meu dia seria monocromático.
Enraíze-se, e nutra-se de mim com moderação. Assim, podes ficar. (E qual, com qual coragem te rejeitaria?)
E ponto.





P.S.: Que devaneio isso, gente! Esse tempo sem postar não quer dizer que não escrevi. Pensei e senti medo de escrever, consequentemente de postar, confesso. Agradeço a vocês, pacientes e muito corajosos, que insistem em me seguir. Ah, a imagem não é minha, achei em algum lugar pela internet.
Que o Dono de toda poesia da vida seja com vocês!