Acorde, amor, que a vida é pouca e o tempo, curto, igual a
saia de moça faceira.
Acorde (,) que dança e brinca, produto das cordas que vibram
em tempo, tom, dom, o som que inunda o peito, que d(e)sperta memória em tons
das mil cores de apaixonado.
Ah, memória que guarda, relembra o enlace, o laço, abraço,
atraso dos dias que o calendário fez questão de marcar – como “ferro quente em
carne fria” – para o eterno correr dos ponteiros da vida. Acorde-a, que a
distância é oportuna, motivo para um convite ao baile, à dança, trança, valsa à
noite inteira de (em) pensamento.
Acorde a cor do vento que soprou e hoje só recorde a
sensação que ficou, delineando a pele no arrepio, do fim do fio ao findo pé (agora
nas nuvens, e além das nuvens, flutuando).
Acorde, acorde, que o sono é ilusão. Não há mais (des)culpa em sonhar acordado.