Respingos na face multicor da flor distante,
Um afago nos cabelos infantes,
Cócegas na barba de um transeunte qualquer,
A confusão na superfície vítrea das lentes.
Dois segundos e o murmúrio do telhado compõe a sinfonia que embala os sonhos.
Os planos se molham e se desfazem na linha do tempo - ê, chuva.
(Des)monta,
(Des)mente,
(Des)faz.
Céu e terra a unir-se pelo sabor molhado das gotas frias,
As lágrimas das nuvens embebedam o chão quente, sedento, marcado.
A precipitação entalha o relevo (particular, do peito), do chão
Na arte da profund-idade.
Quem é o verão sem o inesperado e torrencial?
Se respingas, dia a dia, marcam-me as gotas, protelando o futuro da próxima esquina.
Se afastas as nuvens, sou pó, só.
Se choves, por inteiro, serei eterno multicor.
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