sábado, 5 de dezembro de 2009

9:15, sábado

Nova. Tão nova.
Há pouco conheceu sua décima primavera.
Sorriso tímido, voz baixa, olhinhos cheios de esperança.
Já tão frágil, abraçou-me tão forte, como se fosse a última vez.
Cantamos, oramos, rimos, embora parecesse tão difícil tirar um sorriso de seus lábios, falamos de esperança...
De suas viagens e passagens perguntava-lhe quantas pessoas havia conhecido e quais experiências tinha a me contar.
Confesso, no começo era muito difícil para mim, mas depois fui iluminada a como lidar com sua timidez.
Quantas coisas planejamos! Seu aniversário de 10 aninhos, histórias, desenhos, o próximo bolo de anversário...
Embora já fosse tão familiar, escondia-me suas tristezas e preocupações. Eu entendia. Era só uma garotinha ainda.
Naquele dia, breve dia, fomos àquela casa, simples, humilde, e quase nos perdemos, pois não sabíamos nem em qual rua entrar. Cantamos, oramos e abraçou-me tão forte, como se fosse a última vez.
Prefiro ter na memória as nossas canções, desenhos, projetos, planos mirabolantes, orações, que os momentos que a via no leito, me escondendo a dor que brotava do peito, que fazia sua respiração ser mais fraca e as trocas gasosas talvez mais ineficazes.
Agradeço ao Pai por ter feito parte de sua vida, e por ter dito o quanto és (eras) especial para mim e para todos que zelavam por ela.
Em seu recanto cantamos, oramos e abraçou-me tão forte, como se fosse a última vez.
E foi a última vez.
Foi-se, na décima primavera.


P.S.: Aprouve a Deus levá-la. Escrito em lágrimas.

4 comentários:

  1. que triste amiga...
    não sei o que dizer.
    =.S

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  2. Lendo isso, lembrei duma amiga que se foi sem eu falar de Deus.

    O bom dessa pequena literatura é que ela será eterna mais do que outras fúteis que existi mundo a fora.

    Bom demais parti louvando ao nome do todo Poderoso.

    Abraços afetuosos.

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  3. queria poder te dar um abraço,
    por não sei que palavra usar..

    Fica com Deus!

    Bjiins

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